segunda-feira, 6 de junho de 2011

O prato que não se come

O desejo de olhar e querer, muitas vezes se sobrepoem à sensação da conquista. A ânsia, a incerteza e a dúvida, temperam e cozinham no bafo toda a vontade de alcançar. A conquista, muitas vezes chega numa bandeja de prata, cercada de louros e tentações;
Ao olhá-la, ali, estendida, entregue, minha, sorrio e salivo. Ao levá-la a boca, porém, esta me vem fria, como um prato que deveria ter sido comido ha tempos ou,
quem sabe, ela não tenha sido feita para este fim.
Ao senti-la agora amarga, fria e sem graça, percebo que a fonte do meu desejo era o não, o ainda, o nunca.
Deixo o prato de lado... sinto o cheiro da mesa mais próxima, sabores e cores que dançam pelo canto do meu olhar e me chamam para olhá-la e basta. Certas coisas são feitas para serem desejadas e não para serem degustadas.

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