sexta-feira, 9 de março de 2012

A medida e a constatação

O termômetro da relação humana, que antes para mim sempre foi a intimidade, o desejo, a relação dos fluidos e gemidos entre mim e outrem, agora parece não o ser mais. Este, felizmente, se apresenta agora como um ponto crescente no gráfico da evolução da relação, o que me despiu de margens e parâmetros. Há, porém, um novo método empírico e intimamente pulsante que surge, não da necessidade, mas da espontaneidade dos sentimentos: guio-me pela chuva de palavras, frases e versos que pulam dos meus dedos e sussurram aos meus ouvidos que conte, que revele à ela todo o deleite que me causa em cada nova visita.

Houve um tempo em que tais palavras vinham à mim não como chuva, mas como uma saraivada. Eram expurgantes as balas em forma de palavras que a vida usava para me fuzilar em frente ao pelotão. Como um ritual de limpeza da alma, me adaptei aos projéteis repentinos que tanto me ajudavam neste processo de exorcismo, com a consciência de que essa seria minha cruz; Haveria de carregar os pesares da vida e sangra-los em mim, para depois expurga-los em letras. Sendo um o resultado do outro, ser feliz tornava a felicidade um ato de renúncia as minhas próprias palavras, renuncia à única tarefa subjetiva que me foi permitida desenvolver. Contrariando minhas expectativas e constatações sobre a dor e a escrita, surge ela e dela os prazeres e deles a necessidade de exprimir em palavras a felicidade e a calmaria trazidas por ela.

Aqui, no pedaço de papel virtual, onde registro e assumo meus versos, venho constatar que há poesia em mim e não apenas em minha dor.

Um comentário:

anticorpo disse...

palavras projéteis devem doer demais ! Um relato Bem obetivo de um tema tão subjetivo da um tom engraçado á coisa!! gosti!