segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Espelho na poça, na pia e nos olhos

Eu sou ele
Eu sou ela
Eu sou nós três
Eu estou isso

Nasci ela
Conheci ele
Vivi o não saber que se é
Fui tudo que alcancei ser
E, sendo tudo, descobri que sou nenhum


Sendo nenhum, nada importa
Tudo é livre
Tudo é certo
O nada tudo permite, tudo aceita
O tudo nada repele, nada reprime
O tudo e o nada coexistem na minha não existência de qualquer coisa

Posso ser espada
Faca de dois gumes
Canivete cego
Espátula de margarina
E, quando nada, uma concha
De feijão, de água, de ponche e do que quiserem beber
Do que eu quiser beber
E bebemos até a embriagues

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