Senha 557. Esta é a senha que determina quanto tempo ainda vou sentir fome, calor e frustração dentro da 3ª DP de Campinas. Eu não roubei, eu não matei, meu único crime foi acreditar num anti-vírus gratuito e no sistema de segurança de internet. Através da maravilhosa, rápida e implacável internet um criminoso qualquer limpou minha conta poucos dias depois de cair meu pagamento.
Essa situação rotineira para a sociedade, inusitada para mim, me frustra. Uma dúvida corrói meu cérebro. Não sei se me indigno mais com o fato ou com o criminoso.
Com o fato devido a todos aqueles processos mirabolantes que passo para acessar minha conta via internet: senha de 4 dígitos, resposta secreta (secreta! Haha. Tem gente que ainda acredita que é possível se ter algo secreto na internet!), senha de 6 dígitos, chave de segurança sorteada dentre 70 números, cor da calcinha, nome do cachorro e algo mais que consigam inventar. Tudo isso pra que? Merda nenhuma, óbvio.
Sobre o criminoso. Moro num país de ricos e miseráveis, mais ou menos 5% da população é rica, outra boa parte é de classe média, ou seja, deve haver milhares de contas que aparecem com mais de 2 mil reais mensalmente e o energúmeno do criminoso conseguiu escolher a conta de uma estagiária perrapada.
Disto só resta uma questão: onde está aquela inteligência brasileira? O famoso jeitinho brasileiro, malandragem? Nem isso tem mais! Não dá para acreditar nem na inteligência dos ladrões galera!
Essa situação de roubos e burrice é culpa do governo? Da sociedade? Minha? Não importa, o que vale é que aqui estou eu , reclamando para um pedaço de papel para tentar esquecer o calor, a fome e passar o tempo na fila de espera da delegacia.
Simples, direta e sentimental. Eu sou a chuva!
"eu não sou eu nem sou outro, sou qualquer coisa de intermédio. Pilar da ponte de tédio que vai de mim para o outro" Mario de Sá Carneiro